
morrem nesta sociedade do desperdício,
secam sem uma lágrima humana para regá-los,
esturricam de sol e de erosão
sem um lamento, um canto, um poema.
Os rios são anônimos e invisíveis,
só são lembrados quando se abre a torneira
e nada pinga de seus interiores.
Para o humano, os rios são servos
da sua sede insaciável de matéria
artificial e hipócrita.
Um rio se derrama em esperança para a seca
se derrama em profusão para a noite,
em espelho para a lua, em horizonte para quem ama,
em sonhos plácidos para quem o comtempla,
um rio é chuva e semente todos os dias.
Os rios cheiram a terra e escondem
em suas profundezas, todas as mágoas
toda a tristeza, e ainda nos ensina
que a união de várias águas pode
transformar nos em grandes.
Gigante é o rio que carrega a todos
carrega o lodo, carrega a matéria morta
carrega as embarcações, o peso que depositamos
em toda a sua força e superfície.
Ele ainda nos ensina
que toda vaidade é afogada
em nosso próprio reflexo.
Mas preferimos matá-lo
por miséria de nossas almas
do que aprender com ele.
Santificado é todo o rito
de sua passagem na paisagem.
Santo todo fio de água que surge
por entre as flores do campo.
O teu nome seja fonte de purificação
para todos aqueles que sentem saudades
e sede do seu verdadeiro interior.
Rio que deságua em peixes e mar
seja breve e sereno para aqueles que amam,
seja caudeloso e forte para aqueles que se dissipam
em correntes, seja rio, ritmo e movimento
da divindade para os seres vivos.
Um rio é sempre uma semente,
um cheiro de manhã em névoa
e sonho.
Parabéns menina de Ilhéus Adriane
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