Entre canções e histórias
O amor se inventa
De lenda a pura poesia
O amor se cria e é parido
Nos versos mais antigos
Nos cânticos da Bíblia
Nos mitos e na crua dor
De ser por Deus um desígnio
Tomou para si o ser humano
O destino de amar sem domínio
De amar para sempre vaso
Coração esmagado e doido
O amor se torna grata maldição
De poucos e fiéis escolhidos
Para os quais, só se sobrevive
Se existe o verdadeiro perdão
Porque somos todos vencidos
Pela fraqueza de nossos vícios
Humanos, e sempre solitários
Mas vence o amor que é vivido
Que é compartilhado
Que é parido na dor
E no perdão de todo dia
Porque em todos os dias
Há tempo para destruí-lo
O amor inteiro
Transformando-o em pedaços
E em saudade
Há chuva penetrando nos caminhos
Mas a aliança do amor
Só se encontra uma vez
A maioria dos humanos
A perdem por vaidade
Por não saberem escutar
E olhar com carinho a face
Do ser amado.
Muitos morrem por amor
Mas poucos o vivem
Na sua toda plenitude
Porque na verdade
Não existe metade
Mas uma incompletude
Que com a união não cessa
Unimos a um outro ser
Para mais nos perder
Do que para nos reencontrar
Porque viver é buscar
E nunca ter
E amar é saber
Partilhar a imperfeição
Para talvez se chegar mais próximo
Do olhar de Deus por nós
Que seja feita da lágrima
A misericórdia,
E das mãos unidas
O carinho mítico
De se viver todos os dias
Um grande e verdadeiro amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário