quarta-feira, 31 de março de 2010


Minhas paisagens morrem no desassossego
Sem dores nem choro para a tristeza
Perdem-se no pudor do silêncio

E as tragédias chegam à vida
Como os pesadelos no meio da noite.

Fim de tudo



A vida acabou em meio aos rochedos
Pedra branca que enterra a sombra
Luz que se dissolve nos arvoredos
Que se desfolham todas as noites

A vida dói interminavelmente
A vida rasga nossos joelhos
Em meio à grama, pedra e areia
A vida, um grito para a lua cheia
De todo corpo ferido e doente

Somos o pó da superfície perene
Gélida da terra magra e santa
Onde as folhas apodrecem sempre
E as coisas emudecem pálidas.

Destino


Caminha-se pela boca dos banidos
Os passos já foram recortados
Os beijos, a lua, os antigos
Caem nos trilhos como dor

Espera-se um perfume malogrado
Disfarçando o olhar e o abismo
Atinge-se o profundo acaso
Enquanto desviam-se os sentidos

Estamos todos machucados
Caídos nas ruas em pedaços
E da vida somos os mendigos

Fracos no amor e nos vícios
Somos humanos e desgraçados
Pedimos piedade ao destino.