sábado, 10 de março de 2012

Não haverá mais títulos para se por em poemas
tudo já foi dito, pensado ou escrito
nada que eu criar não foi já criado
nada que eu pensar não foi já pensado
nada que eu sentir não foi já sentido

Rascunhos meus encalços e meço meus ouvidos
não haverá mais poemas, não haverá mais inspiração
toda criação anda morta pelos dias e meses
pelas coisas e objetos, pelo trabalho e pela rotina
pela fadiga e pelas intrigas, anda morta a arte
pelo consumo e pela violência, pela crueldade
de toda realidade, nunca vista antes como agora
crua, fria, áspera, sem nenhuma possibilidade
de transformação, de mutação e de vivência

Pudera eu orar pela salvação dos poetas

Tecer

Costurarei os dias mesurarei as horas

para ver se demora

o não tempo chegar.

 

E tudo ficará suspenso 

e os minutos serenos 

e o sonho reinará.

 

Pudera meus olhos fecharem para sentir

o meu corpo

levitar no anti-momento.

 

Sentir-me como vento perdido no mar.

 

Entre o espaço e o tempo
sigo eu mesma, inconstante
e mutável
plena de incertezas
e medos

Mas soberana em meus erros