segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O Mar com a Lua





Luana e Maria
Uma de lua
Outra do mar
Sempre a brincar

Maria e Luana
Duas amigas
Duas meninas
Sempre a cantar

Luana era pura alegria
Maria era pura criança
Uma contava histórias
A outra recitava poesia

Luana da lua tudo sabia
Histórias de lobisomem
Da vitória régia
Do boitatá

A lua era sua companhia
À noite quando ia deitar
Olhava da janela o luar
E saudade da vida sentia

Maria o mar ela queria
Dentro de si, e as ondas
Como se pudessem cantar
Murmúrios da água
E do tempo.

Maria quando ia ao mar
Chorava de ver esse tempo
Partir todo momento
E na beira da praia ficar.

Assim, era Maria e Luana
Duas meninas, duas amigas
Sempre a cantar e a brincar
De histórias e de poesia.

Uma vivia no mundo da lua
A outra suspirava o mar
E as duas bem sabiam um dia
Elas iriam se encontrar.

Até que em uma noite
O mar e a lua se converteram
Em lágrima do tempo
E em chuva de saudade.

domingo, 2 de janeiro de 2011

À Procura do teu rosto

Voz cansada e escura, voz fraca
Chama sempre triste os teus passos
Que vão diante de tempos e mundos
Diluindo fronteiras, sobrepondo espaços

Voz escura e serena, voz triste
Chama sempre cansada o teu nome
Que não se ouve mais nem nos sonhos
Permanecem inteiros, profundamente calados

Voz morta e despedaçada, voz permanente
De todas as possíveis saudades
De todos os impossíveis presentes
Ao chamar-te, faz-se milagre, faz-se ausente
E ao seguir-te, seguir tua face
Perdeu-se eternamente.

Restos

Permita-me
Descascar nesta toalha branca
As frutas que não têm sabor

Permita
Chorar agora o sabor
Das frutas descascadas na toalha branca.

Permita
A toalha branca o sabor das frutas
E o agora do meus choros.

Permita-me agora
Chorar, cascas de frutas
O meu dissabor nesta toalha branca.

Frutas da toalha branca,
Permita-me
Juntar me ás cascas.