terça-feira, 23 de julho de 2019

Consumismo



Chega a ser criminoso
Amar em uma sociedade
De consumo.

Onde os corpos são números,
Onde as vidas são descartáveis
E pessoas são tratadas como
Objetos, listas e lixo.

É proibido se entregar de alma
Quando quanto mais é lucro,
O dia de hoje é o que interessa
E a conquista, um prêmio.

Quem será o próximo da fila?
Pessoas iguais às coisas
As coisas são para o uso,
As peles todas trocáveis
Ficou velha, pega uma nova.

O importante é machucar
Para não sair machucado.

A satisfação é a glória
O gozo deve ser permanente,
Românticos e poetas
São ridículos e dementes,
Não conseguem viver
Sem criar uma história?

Satisfeito,
O corpo quer outro encontro
Para abolir de imediato;
As palpitações cardíacas,
As tremedeiras nas mãos,
O coro no rosto
Com medo da vergonha do não.

Deixa o humano cru e perdido,
Sem o amor,
Ele de si mesmo se esconde
E se torna mais uma engrenagem
do selvagem Capitalismo.

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Barco de Papel







Ando a deriva neste mundo
Não sei partir sem deixar rastros,
Apego-me aos largos rochedos
Ensaboados pelos seus passos.

Ando a deriva, um papel ao vento
Sobre os mares e lagos me afundo,
Naufragar é o que me resta,
Pois não me encontro neste mundo
Sem teu rosto, tua barba e cabelos.

Sua imagem vai embora
Um buraco nas águas é o que vejo,
Entre areias e ondas, piso e choro
Procurando o teu vulto nos espelhos
Dos antigos corais encharcados
Pela saudade.

Ando a deriva nestes oceanos
Minha meta é sofrer! E quem se importa?
Dissolvida nas gotas e nos desenganos
Como a luz do Sol desmanchada de verdade
Colorida e vazia por canções e histórias.

Não há mais navios e nem mais pianos
Navegar é preciso, mudar os planos
Ancorar novos ares, novas terras
Novas rotas, novos cantos, novas metas...

Minha meta é sofrer! E quem se importa?
Uma garça sem pouso deslizando
Quando se está inteira e morta?

Há uma noite em cada sonho
E uma linha em cada viagem.