segunda-feira, 22 de julho de 2019

Barco de Papel







Ando a deriva neste mundo
Não sei partir sem deixar rastros,
Apego-me aos largos rochedos
Ensaboados pelos seus passos.

Ando a deriva, um papel ao vento
Sobre os mares e lagos me afundo,
Naufragar é o que me resta,
Pois não me encontro neste mundo
Sem teu rosto, tua barba e cabelos.

Sua imagem vai embora
Um buraco nas águas é o que vejo,
Entre areias e ondas, piso e choro
Procurando o teu vulto nos espelhos
Dos antigos corais encharcados
Pela saudade.

Ando a deriva nestes oceanos
Minha meta é sofrer! E quem se importa?
Dissolvida nas gotas e nos desenganos
Como a luz do Sol desmanchada de verdade
Colorida e vazia por canções e histórias.

Não há mais navios e nem mais pianos
Navegar é preciso, mudar os planos
Ancorar novos ares, novas terras
Novas rotas, novos cantos, novas metas...

Minha meta é sofrer! E quem se importa?
Uma garça sem pouso deslizando
Quando se está inteira e morta?

Há uma noite em cada sonho
E uma linha em cada viagem.

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