segunda-feira, 3 de junho de 2013

Retorno





Ontem, voltei para a casa antiga
depois de uma estrada sinuosa
chuvas e lama, e rios entrecortando
súbito, eu mais uma vez dentro dela
ela estava pintada, parecia nova

A casa novamente habitada
e seus corredores estreitando
minha chegada à cozinha rosa
na qual meu avô ficara aguardando
com um pouco do seu café

Meu avô oferecera um quarto
para que nunca mais eu saisse
havia quartos vazios e disponíveis
para que se instalasse em definitivo
minha eterna e vaga moradia

Eu sabia que o café não existia
eu sabia que a casa era morta
e que ninguém morava nela, há anos
eu sabia que o café era feito
de faz de conta, mas eu bebia

Bebia com uma saudade insólita
o café que ia se dissolvendo
dentro de uma caneca grossa,
a pia de mármore estava de lado
mas ainda da janela eu via o quintal

Enquanto os quartos iam escurecendo,
minha poesia despejada de tudo
de todo pesar, memória e ideal,
tornando-se nômade e estrangeira
solitária na névoa de um sonho...

Um comentário:

  1. Como sempre muito sensível. Deu até vontade de compartilhar esse cafézinho.

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