depois de uma estrada sinuosa
chuvas e lama, e rios entrecortando
súbito, eu mais uma vez dentro dela
ela estava pintada, parecia nova
A casa novamente habitada
e seus corredores estreitando
minha chegada à cozinha rosa
na qual meu avô ficara aguardando
com um pouco do seu café
Meu avô oferecera um quarto
para que nunca mais eu saisse
havia quartos vazios e disponíveis
para que se instalasse em definitivo
minha eterna e vaga moradia
Eu sabia que o café não existia
eu sabia que a casa era morta
e que ninguém morava nela, há anos
eu sabia que o café era feito
de faz de conta, mas eu bebia
Bebia com uma saudade insólita
o café que ia se dissolvendo
dentro de uma caneca grossa,
a pia de mármore estava de lado
mas ainda da janela eu via o quintal
Enquanto os quartos iam escurecendo,
minha poesia despejada de tudo
de todo pesar, memória e ideal,
tornando-se nômade e estrangeira
solitária na névoa de um sonho...
Como sempre muito sensível. Deu até vontade de compartilhar esse cafézinho.
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