sábado, 29 de setembro de 2012

Solitária, vagando pelas estradas vazias
eu busco o nada e só vejo o fim

tantos aromas me desfazem, tantos
que não sei onde fiquei, ou se sobrou
algo em que possa me refletir
e me ver como sou, o que eu sou?

uma lembrança em meio a dor
um poema que se esqueceu
um acaso em que se acreditou
um amor que se perdeu

Foram anos que me roubaram
foram dias que nunca passaram
foram veredas que não permaneceram

Poderei dizer algo?
ou sou mesmo assim
uma imagem fixada nas gotas
uma penungem que roçou as pedras
em fragmentos de mim?

Haverá uma oportunidade
de recomeçar o caminho?
qual caminho?
cada pedaço anda por um lado
e a minha face está de costas

domingo, 9 de setembro de 2012

Continuação



O prenúncio do abismo
em meio ao céus serenos
o meu acaso, o meu desespero
torna ocioso aquele tempo
em que a vida era pelo menos triste

Antiga era a passagem das horas
onde nós ficavamos debruçados
na varanda espiando as estrelas
embora todas já morreram
éramos puros e nada viamos

Ficamos naquele tempo imóveis
ainda revivendo o amor perdido
encarnado nas árvores que plantamos
e na pequena casa que construímos
mas o tempo se foi, só ficou as estrelas...