quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Fábula da Distopia

Fábula da Distopia
Em um reino não
muito distante,
onde não há amor
e nem sonho...
Só fingimento
e vaidade.
Um rei muito sabido
muito sisudo,narcísico
perguntou-me estúpido,
ao me ver chorando
no jardim dos vencidos,
o que haveria acontecido.
Disse para o burro,
pois desenhando
já não consigo:
___Não sabe
mesmo o que me
aconteceu?
___Pois tenho
um coração sensível
para teu coração ateu!
Não vivo sem infinito...
A imagem pode conter: céu, crepúsculo e atividades ao ar livre

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Os sábios de hoje dizem:


Para Lars Van Trier.


Tempo é dinheiro
o que vier é lucro
não perca nada.

Não se abra,
os segredos teus
não conte.

Seja madura
cresça...

Coloque a fila
para andar,
de um pé
na bunda.

Mostre que você
não precise de ninguém.
Não peça ajuda.

Não deixe os outros
te magoarem.

Cobre o que os outros
te devem, não deixe
barato nada!

Não leve desaforo
para casa!

Antes os outros do que você,
antes você do que os outros.

Pense em si mesma
em si própria, em si
apenas.

Seja esperta!
Aproveita, boba!

Não ame
não se apaixone,
não se declare,
use, use e use...

Se apaixonou?
Já era!
Ele vai pisar
em você!

Abandone...
Deixe o de lado.

Não mostre
as sua fraquezas...

Seja sensata
fria, calculista
finja!

Vista máscara.

Por que você foi falar?
Quem mandou contar?

Você arrasará
quando os pés
você souber usar,
mais do que
a emoção.

Dê uma patada,
seja lacradora,
Mas não se lembre
que és poeta
e sonhadora.

E que lá dentro
do seu mundo,
ainda reina
uma criança
plena de esperança
e de paixão.

Paixão pela vida.
E que não tem receio
de sofrer, de viver

E escrever
contra toda
interdição.

Pois a máscara
é nossa profunda
desumanização.

O sistema
nos rouba,
nos desapropria
nos arranca
e nos tira
o coração.

Eu grito pela poesia,
nela estou livre
de toda essa
hipocrisia.

Sábios modernos,
vocês me dão
asco e ânsia!

Eu rio um rio
de sentimentos,
dos quais
vocês morrem
de medo!

Cusparei
na falsidade
que se reveste
de amizade.

Meu reino
não tem preço
nele, o âmago
vive o chão.

A alma é simples.

Ah! Como é bom
ser o que sou,
sem nenhum jogo
de sedução.

Iludidos são!
Os que não tem
fome de palavra
e de afeto.

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domingo, 4 de agosto de 2019

Destino


Destino

Caminha-se pela boca dos banidos
Os passos já foram recortados
Os beijos, a lua, os antigos
Caem nos trilhos como dor.

Espera-se um perfume malogrado
Disfarçando o olhar e o abismo,
Atinge-se o profundo acaso
Enquanto desviam-se os sentidos.

Estamos todos machucados
Caídos nas ruas em pedaços
E da vida somos os mendigos.

Fracos no amor e nos vícios
Somos humanos e desgraçados,
Pedimos piedade ao destino.