domingo, 20 de outubro de 2013

Nehum lugar é igual

Tantas estradas que eu pisei
tantos caminhos que eu andei
mas, nenhum era igual aquele
nenhum era igual aquela
onde o nevoeiro encobria
todos os passos de manhã.

Nenhum caminho que trilhei depois
tinha aquele cheiro, aqueles sons,
cheiro da relva orvalhada cedo,
cheiro das flores frescas da noite,
cheiro do mato seco apodrecendo
das cascas e sementes criando terra

O som das andorinhas em revoada
meus cabelos todos, esvoaçavam
e tingiam de luz meus pensamentos,
no momento em que elas se abriam
no alto de mim, em puro devaneio
assim, eu conseguia ver além do céu.

Havia também o som das borboletas
o som dos grilos, o som do eco da noite
o som do fundo da mata e do rio,
a fala misturada dos bichos, o frio
que faz na madrugada em desvalinho
e na manhã a tristeza do ipê sozinho
que floresceu sem ninguém vê.

A árvore solitária no final do monte
os trilhos encobertos pelo capim gordura
e a solidão que meu peito esconde,
só lá se fez ouvir essa dor, essa angústia
por isso procuro esse lugar, esse horizonte
busco nas reminicências sua criativa pintura
que fez me inteira e real, parte de seu todo








Um comentário:

  1. Lindo poema. Você descreve de forma bem madura uma relação com a natureza em que o observador e o observado se misturam. A natureza ganha consciência de usa solidão, beleza e heterogeneidade por meio desta voz que a canta com tanta harmonia. É ão comum o poeta se perder em poemas edílicos que ficam cansativos ou emotivos demais, mas você conseguiu um bom equilíbrio, parabéns!

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