domingo, 20 de setembro de 2020

Biografia

 

Resultado de imagem para parque estadual do juquery

Sou filha do Cerrado

Por isso eu tenho:

os pés rachados,

os braços tortos,

a pele grossa,

a alma em chamas,

os sonhos ingênuos,

o olhar pleno de horizonte.


Sou filha do Cerrado

Sei me isolar nos campos,

igual ao lobo guará,

fujo da maldade dos homens.


O Cerrado me pariu

torta e tonta na vida,

O sol intenso no peito,

as águas subterrâneas

jorrando bicas nos olhos.


Por isso,

não sei a malícia

dos que querem ser espertos,

nem a falsidade

dos que querem ser superiores,

pisando nas ervas mágicas

que curam, principalmente,

a falta de cuidado e sentimento.


Sou filha do Cerrado

custo a entender este mundo,

em que o coração

vale menos do que a sombra.

Em que as raízes são cortadas

e que todo céu é esmagado

pelos muros do medo

e da contenção do desejo.


Continuo...

como uma seriema querendo asas,

como uma coruja que se esconde da noite,

como uma raposa caçada que chora,

uma jaguatirica assustada

que não sabe a sua real beleza.


O Cerrado em mim

escorre flores e lágrimas,

mato e capim,

lua e sapos,

vaga-lumes e sacis.

Enquanto eu neste mundo

da guarita para cá,

sou pária.






sábado, 19 de setembro de 2020

Rima contra o Latinfúndio.

 


Eu queria entender a cabeça 

de um latinfundiário,

seu cérebro reduzido

seu corpo atrofiado.


Eu queria entender o olhar

de um latinfundiário,

sem nenhuma espécie de brilho

seu jeito mecanizado.


Eu queria entender melhor

o latinfundiário,

sua falta de princípios, 

suas ideias de mentecapto.


O latinfundiario é um energumeno

tem a fome de um arrenegado,

veste o luto, não tem sonhos,

descarado, vagabundo, alienado.


Se acha sábio, o latifúndio

mas é o que há de mais atrasado,

colonizador, capitanias, 

feudalismo nesta terra agigantado. 


O latifúndio não tem fundo

não tem limites, é autocentrado,

não alimenta, não mata a fome

só engole tudo que é mato.


O seu sinônimo é deserto

deserto cana, deserto pasto,

eu queria entender

a cabeça de um latinfundiário


A sua ânsia de grana,

o seu desejo de desgraçado,

Midas da morte, ele não sabe

que é apenas um retardado.


Não tem alma, não tem vida

não tem espírito, é desalmado,

o latinfundiário não se entende,

 oco e vazio, ele é desarrazoado


Desmiolado, disparatado.

O latinfúndio é o lado

mais perverso e trágico,

o cu cru do mundo.









sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Pantanal de Marcos Viana

 Música que lembra o que estamos destruíndo  



https://www.youtube.com/watch?v=pOhs2MjyrmM&feature=share&fbclid=IwAR2X7taf1LbHpMVmQlt66JntKJmMVtox658Fx3aRuQKee-UNYw15GO-A81U  

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Sobre Pântanos e Poemas





Quando vejo o Pantanal morrendo em chamas,

pergunto-me: qual o direito que tenho à vida?

Quem foi que determinou que o ser humano

vale mais do que as cobras, os jacarés e as onças?


Qual o sentido de nos protegermos tanto?

Somos parte do abismo, somos ocos e ecos,

somos a chama da ambição corrosiva

que destrói, mata, seca, queima o Pantanal

enquanto minhas lágrimas são poucas.


Não sou mais importante que um macaco

uma anta, uma capivara, um jabuti,  um tatu.

Só sei escrever poesia, estéreis palavras

quiseram um dia em ser o lodo do pântano.


Ah! Se elas pudessem se transformar

em chuva! Uma turbulenta tempestade

que voasse para lá e apagasse a morte...


Eu seria uma nuvem ao menos,

carregada de esperança, flor e semente

do que uma poeta de um choro

 triste, solitário e inútil.





 



domingo, 13 de setembro de 2020

Suivre

 Vivre

avec l'incertitude de la mort glissant dans mes jours

Je suis un nuage, je sais que je flotte comme toutes les ombres,

Je marche doucement sur le sable de mes heures

et comme tout le paysage, je survis dans l'instant

quand je sens le souffle illuminer mon visage.


Chaque minute est un peu de l'infini qui explose

à l'intérieur de l'âme, pour que la vie n'oublie pas

la force qui jaillit des mains et des rêves

de ceux qui n’ont pas peur de le traverser.


Doucement, je sens que je meurs

en attendant la vallée et la colline

de mon éternel désir.

sábado, 12 de setembro de 2020

Semear

 



Eu planto quando não espero plantar. 

 Minhas sementes nascem nas encostas,

 nos meios das outras plantas, nas pedras,

nos cantos dos terreiro, embaixo das árvores.


Eu apenas as jogo, sem nenhuma pergunta

ou lembrança.


Elas simplesmente brotam

sem a permissão das unhas

sem os sulcos dos dedos,

nascem de um leve abandono

pelos ares.


Sementes do alimento do amanhã

sementes de flores imperceptíveis

no dia a dia, sementes de plantas

árvores, brotos do ontem e do sonho

pulam na terra e saltam de todos 

os interiores, de repente.


De um dia para outro aparecem

e nos pegam com um espanto,

um olhar mais doce e vago

diante da delicadeza da vida.


Elas nos semeiam por dentro,

acareciam nossos dedos

e mostram a força de nossas mãos.


Plantando, 

somos devolvidos para a terra

vivos!

Nossa mãe, nossa casa

nosso eu.

.









 A imagem pode conter: natureza, texto que diz "DIA NACIONAL DO CERRADO 11 DE SETEMBRO SINDSAUDE/GO W"