Quando vejo o Pantanal morrendo em chamas,
pergunto-me: qual o direito que tenho à vida?
Quem foi que determinou que o ser humano
vale mais do que as cobras, os jacarés e as onças?
Qual o sentido de nos protegermos tanto?
Somos parte do abismo, somos ocos e ecos,
somos a chama da ambição corrosiva
que destrói, mata, seca, queima o Pantanal
enquanto minhas lágrimas são poucas.
Não sou mais importante que um macaco
uma anta, uma capivara, um jabuti, um tatu.
Só sei escrever poesia, estéreis palavras
quiseram um dia em ser o lodo do pântano.
Ah! Se elas pudessem se transformar
em chuva! Uma turbulenta tempestade
que voasse para lá e apagasse a morte...
Eu seria uma nuvem ao menos,
carregada de esperança, flor e semente
do que uma poeta de um choro
triste, solitário e inútil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário