quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Sobre Pântanos e Poemas





Quando vejo o Pantanal morrendo em chamas,

pergunto-me: qual o direito que tenho à vida?

Quem foi que determinou que o ser humano

vale mais do que as cobras, os jacarés e as onças?


Qual o sentido de nos protegermos tanto?

Somos parte do abismo, somos ocos e ecos,

somos a chama da ambição corrosiva

que destrói, mata, seca, queima o Pantanal

enquanto minhas lágrimas são poucas.


Não sou mais importante que um macaco

uma anta, uma capivara, um jabuti,  um tatu.

Só sei escrever poesia, estéreis palavras

quiseram um dia em ser o lodo do pântano.


Ah! Se elas pudessem se transformar

em chuva! Uma turbulenta tempestade

que voasse para lá e apagasse a morte...


Eu seria uma nuvem ao menos,

carregada de esperança, flor e semente

do que uma poeta de um choro

 triste, solitário e inútil.





 



Nenhum comentário:

Postar um comentário