quarta-feira, 5 de junho de 2013
Do corpo e da poesia
Sei que a poesia
é feita de palavras
mas...
Permite-me encostar
a ponta de meus pés
na areia simples e clara
das praias aquareláveis
Piso uma a uma
enquanto elas se desmancham
em mar e montanhas
em sombras e luzes do sol
formando cachoeiras
onde meu corpo se nutre.
Nua, choro a brisa da noite
as águas mortuárias do oceano
e toda solidão que a poesia
pede e necessita
A trilha na areia em que ando
é feita de cores amargas
estreita-se nas pedras vivas
e se farta de muitas águas
enquanto pouco a pouco
meu corpo vai se desvelando
em transparência, mais nada.
segunda-feira, 3 de junho de 2013
Retorno
depois de uma estrada sinuosa
chuvas e lama, e rios entrecortando
súbito, eu mais uma vez dentro dela
ela estava pintada, parecia nova
A casa novamente habitada
e seus corredores estreitando
minha chegada à cozinha rosa
na qual meu avô ficara aguardando
com um pouco do seu café
Meu avô oferecera um quarto
para que nunca mais eu saisse
havia quartos vazios e disponíveis
para que se instalasse em definitivo
minha eterna e vaga moradia
Eu sabia que o café não existia
eu sabia que a casa era morta
e que ninguém morava nela, há anos
eu sabia que o café era feito
de faz de conta, mas eu bebia
Bebia com uma saudade insólita
o café que ia se dissolvendo
dentro de uma caneca grossa,
a pia de mármore estava de lado
mas ainda da janela eu via o quintal
Enquanto os quartos iam escurecendo,
minha poesia despejada de tudo
de todo pesar, memória e ideal,
tornando-se nômade e estrangeira
solitária na névoa de um sonho...
Uma história tocante
No quarto de um hospital
se ouve uma triste e bela
melodia...
é um filho que ao pai
nina!
Não há palavras, só mímicas
e a música do saxofone
com os últimos gestos
em sinfonia...
declarando um infinito amor!
Neste íntimo concerto do adeus
pudesse o filho por um momento
conversar face a face
com Deus...
par cantar os antigos dezembros.
Pediria para se ver no berço
menino ainda, tão frágil e pequeno
dormindo agora sob a voz terna
daquela figura paterna
que estava ali, desaparecendo...
O som dos instrumentos do seu pai
a flauta, o saxofone, o acordeon
foram sua verdadeira língua materna!
E de agora em diante, terás
que aprender a falar sozinho...
Mas toda vez que seus dedos
e folego tocarem uma cantiga
serena, infinita, triste e bela
seu pai ali estará sorrindo
presente na arte que lhe legou.
se ouve uma triste e bela
melodia...
é um filho que ao pai
nina!
Não há palavras, só mímicas
e a música do saxofone
com os últimos gestos
em sinfonia...
declarando um infinito amor!
Neste íntimo concerto do adeus
pudesse o filho por um momento
conversar face a face
com Deus...
par cantar os antigos dezembros.
Pediria para se ver no berço
menino ainda, tão frágil e pequeno
dormindo agora sob a voz terna
daquela figura paterna
que estava ali, desaparecendo...
O som dos instrumentos do seu pai
a flauta, o saxofone, o acordeon
foram sua verdadeira língua materna!
E de agora em diante, terás
que aprender a falar sozinho...
Mas toda vez que seus dedos
e folego tocarem uma cantiga
serena, infinita, triste e bela
seu pai ali estará sorrindo
presente na arte que lhe legou.
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