Bendita árvore
cerrana
Que não se
desmancha
Ao fogo, Bendita
Árvore que fica
Em pé, entre as
cinzas
Viva, viva o teu
chão
De fuligem, teu
tronco
Em cascas pretas
E teus galhos
retorcidos
De agonias e de
dores,
Como se gemessem
Pequenos gritos,
Carcomidos pelas
chamas
Enquanto suas folhas
continuam verdes
Verdes e verdes pelo
sol
Ou amparadas pelo
sereno
Quando escurece a
noite,
sereno torce em
orvalho que
as transformam num
espelho da manhã
A árvore cerrana
Cerra a morte, como
cerra
Esta não entra
Entre as sombras
De sua fina copa.
Há tanta história
Contada em teus
trilhos
Pedregulhos, terra
vermelha
Barro, chão de
barro
Pássaros, vento, ar
seco
Chuva rápida,
mosquitos
E a sua árvore
Continua firme
De pé
Em qualquer
Rajada de fogo
E de vento
O cerrado
É contra
O tempo
Contra a
História
Contra
A morte.