Solitária, vagando pelas estradas vazias
eu busco o nada e só vejo o fim
tantos aromas me desfazem, tantos
que não sei onde fiquei, ou se sobrou
algo em que possa me refletir
e me ver como sou, o que eu sou?
uma lembrança em meio a dor
um poema que se esqueceu
um acaso em que se acreditou
um amor que se perdeu
Foram anos que me roubaram
foram dias que nunca passaram
foram veredas que não permaneceram
Poderei dizer algo?
ou sou mesmo assim
uma imagem fixada nas gotas
uma penungem que roçou as pedras
em fragmentos de mim?
Haverá uma oportunidade
de recomeçar o caminho?
qual caminho?
cada pedaço anda por um lado
e a minha face está de costas
sábado, 29 de setembro de 2012
domingo, 9 de setembro de 2012
Continuação
O prenúncio do abismo
em meio ao céus serenos
o meu acaso, o meu desespero
torna ocioso aquele tempo
em que a vida era pelo menos triste
Antiga era a passagem das horas
onde nós ficavamos debruçados
na varanda espiando as estrelas
embora todas já morreram
éramos puros e nada viamos
Ficamos naquele tempo imóveis
ainda revivendo o amor perdido
encarnado nas árvores que plantamos
e na pequena casa que construímos
mas o tempo se foi, só ficou as estrelas...
domingo, 19 de agosto de 2012
Além do hoje
Sinceramente
todas as dores são meros pássaros afogados
sem previsão de pouso,
mas todos são tão efêmeros
de vidas curtas e doentias.
Onde será que voarão na próxima amanhã?
Talvez seus minutos serão fixados
no espaço traçado pelas suas asas
e cada pedaço do tempo uma doce música
de adeus...
Perdidos, os pássaros recuperam seus céus
cada um é um sonho fosco
tentando buscar as luzes serenas
de um mesmo sol distante e belo
mas que nem sempre é generoso com todos
Adeus meus poemas
adeus minha música serena
adeus meu amanhã
sou efêmera e vã
e de asas pequenas
onde o tempo e o espaço
me esmagam entre dores
fixadas no voo distante
e generoso de um pássaro
belo e fosco
que está em meus sonhos
sábado, 10 de março de 2012
Não haverá mais títulos para se por em poemas
tudo já foi dito, pensado ou escrito
nada que eu criar não foi já criado
nada que eu pensar não foi já pensado
nada que eu sentir não foi já sentido
Rascunhos meus encalços e meço meus ouvidos
não haverá mais poemas, não haverá mais inspiração
toda criação anda morta pelos dias e meses
pelas coisas e objetos, pelo trabalho e pela rotina
pela fadiga e pelas intrigas, anda morta a arte
pelo consumo e pela violência, pela crueldade
de toda realidade, nunca vista antes como agora
crua, fria, áspera, sem nenhuma possibilidade
de transformação, de mutação e de vivência
Pudera eu orar pela salvação dos poetas
tudo já foi dito, pensado ou escrito
nada que eu criar não foi já criado
nada que eu pensar não foi já pensado
nada que eu sentir não foi já sentido
Rascunhos meus encalços e meço meus ouvidos
não haverá mais poemas, não haverá mais inspiração
toda criação anda morta pelos dias e meses
pelas coisas e objetos, pelo trabalho e pela rotina
pela fadiga e pelas intrigas, anda morta a arte
pelo consumo e pela violência, pela crueldade
de toda realidade, nunca vista antes como agora
crua, fria, áspera, sem nenhuma possibilidade
de transformação, de mutação e de vivência
Pudera eu orar pela salvação dos poetas
Tecer
Costurarei os dias mesurarei as horas
para ver se demora
o não tempo chegar.
E tudo ficará suspenso
e os minutos serenos
e o sonho
reinará.
Pudera meus olhos fecharem para sentir
o meu corpo
levitar no anti-momento.
Sentir-me como vento perdido no mar.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Amamentar
O seio da mãe que amamenta
não tem pudor,
nem maldade
lança-se como uma estátua plena
de misericórdia e dor.
O seio da mãe que amamenta
simbolo do fim da castidade,
porém, nã existe algo
mais puro
mais belo
e casto
do que seio de mãe.
domingo, 22 de janeiro de 2012
pretérito
nas estradas que me chegaram
eu vi o tempo, esse flamigerado
varrendo as sobras de um eu
escuro e odioso pelo espaço
o único que ainda tenta ser o mesmo.
contudo, tanto o tempo
quanto o vento
quanto o eu, quanto a sobras,
famigeradas sobras
se vingaram
transformaram o espaço
em um momento.
cantando, os caminhos
são mais pequenos.
eu vi o tempo, esse flamigerado
varrendo as sobras de um eu
escuro e odioso pelo espaço
o único que ainda tenta ser o mesmo.
contudo, tanto o tempo
quanto o vento
quanto o eu, quanto a sobras,
famigeradas sobras
se vingaram
transformaram o espaço
em um momento.
cantando, os caminhos
são mais pequenos.
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
Interior
Reiventarei um dia
para que tu recomeçastes
a levantar e a caminhar
de manhã até de noite
para ver as árvores velhas
com suas folhas mortas
mas com seu espírito poderoso
a abraçar os rios e as outras árvores
reiventarei um dia
em que andaremos com o vento
para suspirar os aromas do campo
do alecrim entre ramos
singelas flores amarelas
que se queimam com o sol
enquanto prendemos a tarde
com o pensamento
onde estamos e onde buscaremos
a purificação da dor e da mente?
porque a chuva limpa o chão
onde pisamos, é que encontraremos
os passos fincados nas nuvens
e a paisagem nas palmas das mãos,
viajaremos serenos nas águas
enquanto nos descobriremos inteiros
para que tu recomeçastes
a levantar e a caminhar
de manhã até de noite
para ver as árvores velhas
com suas folhas mortas
mas com seu espírito poderoso
a abraçar os rios e as outras árvores
reiventarei um dia
em que andaremos com o vento
para suspirar os aromas do campo
do alecrim entre ramos
singelas flores amarelas
que se queimam com o sol
enquanto prendemos a tarde
com o pensamento
onde estamos e onde buscaremos
a purificação da dor e da mente?
porque a chuva limpa o chão
onde pisamos, é que encontraremos
os passos fincados nas nuvens
e a paisagem nas palmas das mãos,
viajaremos serenos nas águas
enquanto nos descobriremos inteiros
Nunca mais seremos os mesmos
na passagem fresca do tempo
entre as estrelas e sombras
Em que poderemos acreditar?
Será que no resquício da fé?
ou na tortuosa esperança
que não se contenta com a dor?
Haverá um pouco de dúvida
em toda beleza consumada
em toda lírica de uma flor
em volta de lágrimas e súplicas
Pudera força do amor
nos transformar em sonhos
na passagem fresca do tempo
entre as estrelas e sombras
Em que poderemos acreditar?
Será que no resquício da fé?
ou na tortuosa esperança
que não se contenta com a dor?
Haverá um pouco de dúvida
em toda beleza consumada
em toda lírica de uma flor
em volta de lágrimas e súplicas
Pudera força do amor
nos transformar em sonhos
Assinar:
Postagens (Atom)