quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Árvore dos Sonhos




                                                      Árvore dos Sonhos


                                                   
Árvore dos Sonhos
teu nome é solidão,
ramos e raizes
espalham pelo chão

Árvore dos sonhos
horizonte sem pudor,
entre céus e campos
cura a antiga dor.

Funda-se a paisagem
sombra, som e cor
com a sua miragem,
real imagem da ilusão.

Árvore dos sonhos
busquei-a de dia,
o vento a ti me guia
com um leve sono.

Desperto e te vejo
aroma da melancolia,
árvore do desejo
encaro a tua colina.

Abraço-te mais perto
árvore da vida,
profunda e deserta,
sonhos são neblinas

Na manhã incerta.
Na hora vivida
evaporam os amores,
vão-se todas as saídas.

Árvore dos sonhos,
cantei-te em êxtase
de muito tempo
e em comunhão.












                             Ipê Amarelo do Parque Estadual do Juqueri em uma manhã nublada

                            

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Maldita Cana!



Cana Maldita! Como pode o governo chamar o Etanol de energia limpa! Milhares de paisagens verdes, mas de um deserto avassalador. Quem viaja pelo estado de São Paulo, pode se perguntar: aonde estarão as matas, o Cerrado, a Mata Atlântica do lugar?Se alguém pedir para experimentar uma fruta do interior, um suco natural a única coisa que terá será o Caldo de Cana e a rapadura, e olha lá, porque essa cana que congela os olhos de um verde monótono não é boa para garapa! A cana de açúcar originária da África não é um mal em si, ao contrário, ela boa de encher a boca de saliva. Chupar cana sem compromisso numa tarde sentada em um banco de madeira embaixo de uma árvore, é uma delícia. Mas como o seu produto açúcar que de bom pode se tornar veneno, o seu monópilo desde os tempos do Brasil colônia só pode trazer: seca, paisagem seca, falta de água, extinção de espécies, extinção de paladares, modos de vida, habitats, uma cultura caipira que se torna do passado junto com o seu Cerrado.
O Cerrado, este bioma considerado feio propositalmente para os interesses das Monsantos da vida, que não foi incluído dentro do patamar de ecossistemas em nossa Constituição, só é a Savana mais rica do mundo em biodiversidade, a mais poderosa em plantas medicinais, em espécies de flores, em animais. É no Cerrado que se concentra o nascimento dos maiores rios brasileiros (que nascem no Brasil) culminando em água para todas as bacias hidrográficas desse país e também é onde está o afloramento e o abastecimento o maior reservatório de água subterrânea da América do Sul: o Aquífero Guarani. Ele é rico em bauxita que produz o aço e também em pedras preciosas. Suas frutas são saborosas e cheirosas e já estão presentes em polpas de suco e sorvetes.
O Cerrado vale bem mais vivo do que morto, mas não é que governo brasileiro parece crer. Ao invés de incentivar pesquisas e o uso do Cerrado para fins econômicos e culturais, deu aval para o povo e para as empresas destrui-lo, colaborando com a visão de que ali só tem mato! A cana, representante maior da nossa monocultura, deixa uma paisagem medonha por onde passa, horizontes e horizontes sem sombras, sem bichos e rios e corrégos prontinhos para se esgotarem junto com suas fontes. Não é incomum as pessoas lembrarem de alguma mina d'água que se existia ali bem aonde está o canavial. Os animais correm no meio dela a procura de abrigo e encontram queimadas, tentam fugir das queimadas e são atropelados nas rodovias e vicinais. Sem falar na morte de toda beleza da paisagem que agora se torna fria, fria, fria.
Tem lugares que de tanta cana que você vê da janela do automovel, sua mente entra em depressão profunda, uma tristeza difícil de matar, porque aquele verde de um mato só deixa a sensação horrível de que não vale apena sair do lugar, todos vão ser iguais.

O Cerrado é o ouro desperdiçado, é sinônimo de interior do Brasil, de música caipira, do Tatu, Tamanduá e Capivara, do doce do Buriti, da Gairova com Frango, do Pequi no Arroz, do Barbatimão para cicatrizar feridas, da Gabiroba no pé, do Marolo cheiroso que se acha no meio da mata, do riacho gostoso de pular com roupa e tudo depois de muito andar. E a conserva de Jurubeba, diz que ella boa para curar mangaça, a carqueja para o estômago, a mangaba nunca provei, e embora não goste da fruta, o pé de Jatobá dá uma sombra! Tão boa de balançar, de subir, de espreguiçar, de dormir em uma rede vendo os tucanos, as maritacas, os sabiás, os bem te vis, e ooutros passáros que gostam de lá. O lobo guará rondou a casa, junto com a jaguatirica, mas ele fugiu comendo a fruta do lobo que tem uma flor tão bonita. A coruja buraqueira segue nossos passos a noite, as estrelas não deixam de acompanhar junto com os vaga-lumes imitações dos luzeiros do céu nos campos da Terra. E a cana deixou um melado azedo na permenência de toda essa natureza. Por isso, sonho que se um dia eu tiver um automóvel, que ele seja movido a água, hidrogênio, energia solar, gás natural, elétrico ou qualquer coisa que não seja alcool e gazolina.

Farmacopédia Popular do Cerrado

http://www.mma.gov.br/estruturas/sbf_agrobio/_publicacao/89_publicacao01082011054912.pdf

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Siblings







We leave of walking Discalced
On the red earth
We cease to to blow flowers
Whites pompons in the field.

We cease to give name
To the trees and sing to them
Talk to them,
Give our infancy
For them to carry us
Up to the bluest sky in the world.

We leave from running
With open arms
Embracing the Wind
seeking leaves
Chlorophyll and paper
Laughing at of happiness

silly thing
That adults want
And seek.
Do not have asked us
A where she was
Least because we never imagine
On it.

Today, already erased
Your footprints
Have already been born other flowers
But no one bloweth
Fall leaves in the bush
And are there intact
Up to they rot,
The wind vanishes
Why has no one
And the trees?
Dries up little by little
Of loneliness. By dying
It are told that
How belong together.

Now
We seek to
And we think
Happiness.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Irmãos


Deixamos de andar descalças
Na terra vermelha,
Deixamos de assoprar as flores
Pompons brancos no campo.

Deixamos de dar nome
Às árvores e cantar para elas,
Conversar com elas,
Dar nossa infância
Para que nos carregassem
Até o céu mais azul do mundo.

Deixamos de correr
Com os braços abertos
Abraçando o vento
Buscando folhas
De clorofila e de papel
Rindo da felicidade

Coisa boba
Que os adultos querem
E procuram.
Não nos perguntaram
A onde ela estava
Até porque nunca pensamos
Nisto.

Hoje, já se apagaram
As nossas pegadas,
Já nasceram outras flores
Mas ninguém as assopra
Cai as folhas no mato
E ficam lá intactas
Até apodrecerem,
O vento se dissipa
Porque não tem ninguém
E as árvores?
Secam-se pouco a pouco
De solidão. Morrendo
É que nos dizem
O quanto nos pertencemos.

Agora,
Procuramos
E pensamos
Na felicidade.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Meu canto do exílio





Faço poesia
de uma natureza morta
de uma natureza antiga
que já não se vê mais

O que vejo é a cidade
mas não a sinto,
seu asfalto é frio
seu concreto é morte.


Já não há árvores e flores
os pássaros fugiram
para um lugar sem nome
eles já não conseguiam cantar
como cantavam há muito.

O infinito perdeu sua pureza
e a solidão, seu aroma.

As formas são outras
a beleza uma opção.

Faço poesia para um lugar
que não se esconde,
mas que se perde em um instante.

Milhares de vidas
destruídas em segundos
para o bem do progresso
e do dinheiro.

Ainda sou romântica,
prefiro me aconchegar
em um jequitibá,
do que na estreita
sombra de um prédio.

Prefiro a dor e a solidão
de um ipê no fim da estrada,
do que as multidões vazias
das ruas, onde flutuamos
como fantasmas

Haverá um resquício
de verde entre as pedras
da calçada, com uma flor
do campo a soluçar

baixinho...