domingo, 2 de fevereiro de 2014

Meu canto do exílio





Faço poesia
de uma natureza morta
de uma natureza antiga
que já não se vê mais

O que vejo é a cidade
mas não a sinto,
seu asfalto é frio
seu concreto é morte.


Já não há árvores e flores
os pássaros fugiram
para um lugar sem nome
eles já não conseguiam cantar
como cantavam há muito.

O infinito perdeu sua pureza
e a solidão, seu aroma.

As formas são outras
a beleza uma opção.

Faço poesia para um lugar
que não se esconde,
mas que se perde em um instante.

Milhares de vidas
destruídas em segundos
para o bem do progresso
e do dinheiro.

Ainda sou romântica,
prefiro me aconchegar
em um jequitibá,
do que na estreita
sombra de um prédio.

Prefiro a dor e a solidão
de um ipê no fim da estrada,
do que as multidões vazias
das ruas, onde flutuamos
como fantasmas

Haverá um resquício
de verde entre as pedras
da calçada, com uma flor
do campo a soluçar

baixinho...

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