sexta-feira, 21 de março de 2014

Écriture


 

As mãos que escrevem
são parte de uma grande forma
que desaparece
por alguns instantes.

As mãos que escrevem
escondem quem as move
mas também o traz
constantemente.

Quando eu escrevo
não, não sou eu que escrevo

são as minhas mãos
guiadas por um louco pensamento
porque não sei se é meu.

Sei que as minhas mãos
movimentam, criam
se libertam do apêndice
que se torna o meu corpo.

Mas elas também são o meu corpo!
e o trazem em um grande jogo
de aparecer e desaparecer.

Grande texto performático
que se realiza no silêncio
escrita de um ser fragmentado
que se realiza em pedaços.

O texto que faz um teatro
a si mesmo.

 

 

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