sábado, 12 de setembro de 2020

Semear

 



Eu planto quando não espero plantar. 

 Minhas sementes nascem nas encostas,

 nos meios das outras plantas, nas pedras,

nos cantos dos terreiro, embaixo das árvores.


Eu apenas as jogo, sem nenhuma pergunta

ou lembrança.


Elas simplesmente brotam

sem a permissão das unhas

sem os sulcos dos dedos,

nascem de um leve abandono

pelos ares.


Sementes do alimento do amanhã

sementes de flores imperceptíveis

no dia a dia, sementes de plantas

árvores, brotos do ontem e do sonho

pulam na terra e saltam de todos 

os interiores, de repente.


De um dia para outro aparecem

e nos pegam com um espanto,

um olhar mais doce e vago

diante da delicadeza da vida.


Elas nos semeiam por dentro,

acareciam nossos dedos

e mostram a força de nossas mãos.


Plantando, 

somos devolvidos para a terra

vivos!

Nossa mãe, nossa casa

nosso eu.

.









Um comentário:

  1. Maravilhosa poesia,sensivel, confortante, igual a outras tantas que escreves, nos reconecta com a pureza da vida, e a beleza natural dos seres. Forte abraço.

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