Eu planto quando não espero plantar.
Minhas sementes nascem nas encostas,
nos meios das outras plantas, nas pedras,
nos cantos dos terreiro, embaixo das árvores.
Eu apenas as jogo, sem nenhuma pergunta
ou lembrança.
Elas simplesmente brotam
sem a permissão das unhas
sem os sulcos dos dedos,
nascem de um leve abandono
pelos ares.
Sementes do alimento do amanhã
sementes de flores imperceptíveis
no dia a dia, sementes de plantas
árvores, brotos do ontem e do sonho
pulam na terra e saltam de todos
os interiores, de repente.
De um dia para outro aparecem
e nos pegam com um espanto,
um olhar mais doce e vago
diante da delicadeza da vida.
Elas nos semeiam por dentro,
acareciam nossos dedos
e mostram a força de nossas mãos.
Plantando,
somos devolvidos para a terra
vivos!
Nossa mãe, nossa casa
nosso eu.
.
Maravilhosa poesia,sensivel, confortante, igual a outras tantas que escreves, nos reconecta com a pureza da vida, e a beleza natural dos seres. Forte abraço.
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